«Percorria eu a Itália, há bastantes anos, quando fui obrigado a parar numa hospedaria de Cerenza, pequena aldeia da Calábria, em virtude de uma cheia do Neto. Aí conheci um estrangeiro forçado a deter-se pela mesma causa. Estava sempre silencioso e parecia triste. Não demonstrava impaciência. Queixara-me várias vezes a ele, pois era o único homem a quem em tal lugar podia dirigir uma palavra acerca do forçado atraso da nossa viagem. “É-me indiferente — respondia-me — estar aqui ou em qualquer outro lugar.”»
Começa assim um romance precursor, uma narrativa amorosa que se desenvolve num universo fechado e ardente.
Henri Benjamin Constant nasceu em 1767, em Lausanne, na Suíça, descendente de refugiados protestantes franceses. Foi isso que lhe permitiu naturalizar-se cidadão de França, em 1796, onde se tornou um conhecido escritor e político.
O primeiro esboço de Adolfo foi escrito em apenas duas semanas, em 1806 (Constant, que se opusera à tomada de poder por Napoleão seguira, em 1802, no exílio, Mme de Staël, que inspirou em parte a personagem de Eleonor). O romance foi publicado em 1816 e constitui, com o Journal Intime e o tratado De la Religion, uma das principais obras de Constant, falecido em Paris em 1830.