«“O Inferno tão Temido”, “A Casa na Areia”, “Bem-vindo, Bob”, “Um Sonho Realizado” fazem parte não apenas da minha herança literária, mas ainda da minha própria vida que acompanharam, amarguraram e alimentaram, servindo para compreender o que encontrava fora dos livros, para conhecer a ternura e recear a desolação. Cada um desses contos foi mudando à medida que eu próprio mudava, mo- dificou-se de acordo com os estados de alma, os lugares em que os lia, as metamorfoses da minha vida e da minha própria experiência de escritor. (…) A cada leitura o entusiasmo é idêntico, nunca conhecendo a decepção, mas exactamente a alegria inversa de comprovar que estes contos me continuavam a agradar, mas também que me agradavam bem mais do que antes, que podia embrenhar-me muito mais profundamente neles à medida que me embrenhava na minha própria vida.»
[Antonio Muñoz Molina]
Juan Carlos Onetti (Uruguai, 1908 – Espanha, 1994) é um dos grandes narradores deste século.
Recebeu o Prémio Cervantes em 1978. É autor de contos e ro- mances como O Estaleiro e Juntacadáveres.
Nos últimos anos da sua vida habitou fora do mundo, entregue às suas fantasias e personagens, tendo criado um universo impregnado de magia, perplexidade e pessimismo.
Antonio Muñoz Molina, que prefaciou os seus contos completos, descreve os seus personagens como os heróis mais preguiçosos, pacíficos e inúteis que é possível encontrar.
Na Relógio D’Água, Onetti tem publicado o romance A Vida Breve.
Esta antologia de contos foi traduzida por Pedro Tamen.