Três Retratos: Salazar, Cunhal, Soares

Neste livro, António Barreto faz o retrato dos três portugueses que mais influenciaram o nosso século xx. Mas não os retrata como figuras independentes, antes os combina e contrasta.
Salazar, que…
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Categoria: Ensaios
EAN: 9789897830228
Data de publicação: 20200622
Nº de páginas: 224
Formato: 15,3 x 23,3 x 1,5 cms
Acabamento: Capa Mole
Peso: 340 gramas
Descrição completa:

Neste livro, António Barreto faz o retrato dos três portugueses que mais influenciaram o nosso século xx. Mas não os retrata como figuras independentes, antes os combina e contrasta.
Salazar, que instaurou o Estado Novo, enfrentou, a partir de dada altura, como principal dirigente da oposição política e cultural à sua ditadura Álvaro Cunhal. Mário Soares, que impulsionou o regime democrático, teve de vencer as pretensões do PCP de transformar a ruptura do 25 de Abril numa nova ditadura.

«Salazar era profundamente conservador e reaccionário, mas deixou o seu nome associado a uma “revolução nacional” que outros fizeram e ele moldou a seu prazer. Teve o poder todo, que recebeu dos militares e da Igreja, acabou por submeter quem esteve na sua origem e exerceu o poder à força do Estado e da sua vontade. O povo nunca lhe deu explicitamente o poder, mas deixou-o ficar e sobreviver, pelo menos não soube nem quis afastá-lo. Cunhal era revolucionário, pretendeu ter o poder todo, só queria mesmo o poder se fosse todo e por inteiro, percebeu luminosamente que, mesmo ao serviço do “internacionalismo comunista”, teria de utilizar a energia nacional. Quase fez uma revolução, quase exerceu o poder. O povo não lhe deu o poder, rejeitou-o expressamente, mas uma parte desse mesmo povo incensou-o e deu-lhe uma reputação invulgar: derrotado em vida, morreu como se tivesse sido um vencedor. Soares, finalmente. Foi tudo, conservador, revolucionário, liberal, jacobino, burguês e popular. Teve muito poder, que nunca usurpou, recebeu-o sempre do povo eleitor, que também soube derrotá-lo quando quis. Foi o que mais liberdade deu aos seus compatriotas, mas nunca chegou a ser um mito ou uma crença, como Salazar e Cunhal. Ao contrário deles, nunca foi temido ou receado.»

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