Prefácio de Guy de Maupassant
Num apartamento sombrio na viela do Pont-Neuf, em Paris, Thérèse Raquin está presa a Camille, seu primo, num casamento sem amor. A monotonia conjugal é interrompida quando inicia um caso amoroso com Laurent, amigo do seu marido. Mas a paixão leva-os a cometer um crime que os perseguirá para sempre.
Thérèse Raquin causou escândalo quando foi publicado, em 1867, e trouxe ao seu autor, com apenas vinte e sete anos, uma notoriedade que o acompanhou toda a vida. O romance de Zola é não só um retrato de adultério, loucura e vingança, mas também uma exploração dos aspetos mais sombrios da existência humana.
SOBRE O AUTOR:
Émile Zola nasceu em 1840 em Paris. Cresceu em Aix-en-Provence, onde estudou no Collège Bourbon, regressando a Paris para continuar os estudos.
A braços com dificuldades financeiras após a morte do pai, trabalhou em escritórios e colaborou em diversos jornais.
Com a entrada na Hachette, Zola iniciou-se no mundo da literatura, conhecendo escritores como Taine, Stendhal, Balzac e Flaubert. Publicou os primeiros poemas, contos e artigos e, aos vinte e cinco anos, trocou a vocação inicial de poeta pela de romancista, escrevendo La Confession de Claude. A partir daí, viveu como jornalista e romancista, publicando Le voeu d’une morte (1866) e Thérèse Raquin (1867), obra que afirmou a sua estética naturalista, integrando teorias da sua época como o darwinismo, o evolucionismo e o determinismo científico.
Inspirado n’A Comédia Humana de Balzac, iniciou em 1871 a série Rougon-Macquart, a que deu o subtítulo História natural e social de uma família sob o Segundo Império. Dela fazem parte Nana (1880) e Germinal (1885), duas das suas principais obras.
Entretanto, em 1880, publicara O Romance Experimental, manifesto literário do movimento naturalista. Para Zola, o romancista era um observador da Natureza, adotando uma atitude experimental e trabalhando os factos sociais e emocionais como um químico trabalha com a sua matéria. Os seus livros percorreram temas tão diversos como as greves dos mineiros em Germinal, o alcoolismo das classes trabalhadoras em L’Assommoir, a decadência sexual das classes abastadas em La Curée e a ligação dos camponeses às suas terras em La Terre.
Algumas das suas obras foram consideradas escandalosas na época, e nunca foi escolhido para a Academia Francesa, a que foi candidato vinte e quatro vezes.
Em 1898, Zola participa no debate público relativo ao Caso Dreyfus, defendendo a inocência, que se viria a provar, do acusado. O seu artigo «J’accuse», publicado no L’Aurore, acabou por levar à revisão do processo judicial. Mas a sua publicação fez com que fosse processado e condenado a um ano de prisão, o que o levou a exilar-se em Inglaterra.
Morreu em 1902 no seu apartamento na rua de Bruxelles, em condições que não excluíram a hipótese de assassínio.