«Na verdade, a questão da essência da Europa não é misteriosa nem irrespondível. A resposta saltar-nos-á logo à vista, mal deixemos de nos preocupar com questões estéreis sobre as verdadeiras fronteiras e as entidades étnicas da Europa. Não há dúvida de que a Europa não tem nem uma base popular substancial, nem fronteiras sólidas a leste e a sudeste, nem uma identidade religiosa inequívoca. Mas tem uma “forma” típica e um motivo dramático muito próprio que, na maior parte da sua história, se impõe por meio de cenas inconfundíveis. Basta-nos adoptar a óptica de um dramaturgo para discernirmos claramente as grandes linhas da peça europeia. A questão não deve ser: quem, e segundo que critérios e que tradições, pertence a uma “verdadeira Europa”?… mas: que cenas desempenham os Europeus nos seus momentos históricos decisivos? Quais as ideias que os animam, as ilusões que os mobilizam? Como é que a Europa alcançou a sua história motriz e por que meios esta se mantém em movimento? Onde é que o poder e a unidade da Europa correm o risco de fracassar? Qualquer manual de história um pouco ambicioso dá resposta a estas perguntas.»
Em anexo ao livro é publicada a entrevista que sobre ele foi feita por António Guerreiro a Peter Sloterdijk, a 24 de Março de 2007.