Em 1927, Nabokov dava grandes passeios solitários pelos bosques da ilha de Rugen. Foi então que lhe surgiu o enredo de um romance que reuniria marido, mulher e amante numa praia do Báltico.
Franz instala-se em Berlim em casa do tio Dreyer para trabalhar nos seus luxuosos armazéns. Mas Martha, a esposa do tio, decide seduzi-lo, acabando por o envolver num projecto de assassínio que conhece um desenlace imprevisto.
Rei, Dama, Valete é, segundo o autor afirma no prólogo à edição inglesa de 1967, um tributo a Flaubert. Mas as referências à bíblica mulher de Putifar ou a Lady Macbeth são evidentes.
«De todos os meus romances, esta fera rutilante é a mais alegre. A expatriação, a pobreza, a nostalgia não influenciaram a sua composição refinada e exultante. Concebida nas areias costeiras da baía da Pomerânia no Verão de 1927, construída ao longo do Inverno seguinte, em Berlim, e concluída no Verão de 1928, foi publicada nos começos de Outubro pela editora russa emigrada Slovo, com o título Korol’, Dama, Valet. Era o meu segundo romance russo. Eu tinha vinte e oito anos.»
Do prólogo de Vladimir Nabokov