«Os poemas de Oscar Wilde revelam aspectos do seu carácter que permanecem ocultos nas suas obras em prosa, com excepção das cartas. Uma delas, também conhecida como De Profundis, é uma confissão cheia de amargura que tem origem nos meandros da sua consciência. Mas, em geral, são os poemas que nos mostram certos padrões de comportamento que parecem contradizer a sua persona pública. Têm uma qualidade mais íntima e um tom unívoco, desprovidos de sarcasmo e ironia. Neles predomina uma certa gravidade de expressão e o seu conteúdo nunca é convencional. É verdade que neles se escutam ecos de outras vozes bem conhecidas do mundo poético vitoriano, mas transformadas, delicadamente modificadas para expressar algo que lhes é próprio. Isto não surpreende nem lhes retira mérito. É óbvio que em Wilde existe um desejo de beber em fontes diversas, de encontrar estímulos e antecedentes noutras épocas e culturas. Muitas vezes os seus textos são uma clara evocação de outros preexistentes: Milton, Keats, Shelley e Tennyson ressoam nos seus versos. Outras vezes são as alusões a reconstruções históricas, a paisagens imaginárias, a mundos da Antiguidade clássica, que inspiram as suas composições. Tudo faz parte de uma forte convicção, segundo a qual a arte encontra a sua motivação na arte. E, ao beber livremente em fontes diversas, estabelece a sua liberdade suprema e faz-se herdeiro de outras culturas, de outras idades.»
E. CARACCIOLO TREJO