PIPPI SOBE A BORDO

«Se um forasteiro viesse à cidadezinha sueca e um dia calhasse passar por um certo lugar dos arredores, veria a Casa Villekulla. A casa não tem muito que se veja: é mais uma casa velha, a cair, no meio dum jardim cheio de ervas daninhas, mas o forasteiro talvez pudesse parar e perguntar-se quem vivia ali e por que razão estava um cavalo no alpendre. Se fosse realmente muito tarde, quase noite, e se vislumbrasse no jardim uma menina a andar dum lado para o outro como se de modo nenhum tencionasse ir para a cama, poderia pensar:
“Pergunto-me por que razão a mãe daquela menina a não mete na cama. As outras crianças, a estas horas, já dormem a sono solto.
”Se a menina viesse ao portão — e de certeza que viria, pois ela gosta de falar com as pessoas —, então teria a possibilidade de olhar bem para ela, e provavelmente pensaria:
“Nunca vi uma criança tão ruiva e com tantas sardas.”