TRADUÇÃO E PREFÁCIO DE JOÃO MAIA
«Este livro, todo tecido de reflexões pessoais, tem radículas nos autores gregos bem assimilados — em Platão, em Homero, nos trágicos —, todos sobriamente citados, nunca para mostrar erudição, sempre para sublinhar a meditação pessoal de um homem dobrado ao íntimo. Era, sim, da estirpe de Epicteto e de Pascal este homem que de tão alto viu o “desconcerto do mundo” e abriu, sem mais candeia que a luz da consciência acesa em pavio estóico, um tão nobre caminho nas sombras da vida. Nunca como nele se equivaleram palácio e choupana aos olhos de um meditador. A misantropia crepuscular escorre do pensamento da morte, da brevidade da vida, da fugacidade de prazeres e honrarias. […] Mas que um imperador cumulado de riquezas e com mão desimpedida para a sacudir arbitrariamente por entre injustiças e vinganças se recolha à cela íntima e aí entorne, num canhenho de reflexões, a essência da própria alma — deve mover-nos a espanto e pena.» [Do Prefácio de João Maia]
SOBRE O AUTOR:
Imperador romano, nasceu em Roma no ano de 121 e faleceu em Vindobona (actual Viena) com 59 anos. Estudou Literatura grega e latina, Retórica, Direito, Pintura e Filosofia. Reforçou o poder imperial, perseguiu os cristãos e protegeu as artes e as letras. Lutou contra Partos, Germanos, Marcomanos e Sármatas, em guerras prolongadas, com o objectivo de consolidar as fronteiras do Império Romano. Dirigiu de modo exemplar a administração romana. É também conhecido pelos seus Pensamentos, com uma orientação filosófica de carácter estóico.