«De Quincey considera que nunca a inteligência humana se elevou ao ponto que atingiu em Kant. E, no entanto, a inteligência humana, mesmo a um tal nível, não é divina. Não só é mortal como, o que é terrível, pode diminuir, envelhecer, entrar em decrepitude. E, contudo, De Quincey sente talvez ainda mais estima por este clarão final, no momento em que ele vacila. Acompanha o seu pulsar. Anota a hora em que Kant deixou de poder criar ideias gerais e ordenou erroneamente os factos da natureza. Assinalou o instante em que a sua memória desfaleceu. Registou o segundo em que a sua faculdade
de reconhecimento se extinguiu.»
Marcel Schwob
Este relato dos últimos momentos de Kant é composto, entre outras fontes, pelos pormenores que De Quincey retirou das memórias de Wasianski, de Borowski e de Jachmann,
publicados em 1804 em Kœnigsberg.
Mas, ao mesmo tempo, é inteiramente uma obra de
De Quincey (1785-1859), autor de Confessions of an English Opium-Eater.