O Príncipe foi escrito em 1513, tendo tido a sua primeira edição póstuma em 1532. Como escreveu Antonio Gramsci, o aspeto mais original do livro, que se tornaria a obra italiana mais conhecida em todo o mundo, é não ser um tratado sistemático, mas “um livro vivo em que a ideologia e a ciência política se misturam na forma dramática de mito”. Num momento conturbado da história do que é hoje a Itália, em que as potências estrangeiras ameaçavam os prósperos mas frágeis estados regionais, Maquiavel, já afastado da política ativa, concentrou nesta obra a experiência adquirida em catorze anos de administração na República Florentina. É uma obra amarga e desencantada, em que traçou o perfil do príncipe ideal, analisou os motivos da ação humana e, separando a política da moral, abriu caminho ao moderno pensamento político.
SOBRE O AUTOR:
Nicolau Maquiavel nasceu a 3 de maio de 1469 em Florença. Viveu a sua juventude sob o esplendor da República Florentina, durante a governo de Lorenzo de’ Medici. Ingressou na política aos vinte e nove anos como secretário da Segunda Chancelaria, o que lhe permitiu observar de perto a atuação dos principais políticos da época. Entre 1502 e 1503, relacionou-se com César Bórgia, filho do papa Alexandre VI e um ambicioso condottiero que dominava o governo papal e recorria a todos os meios para alargar o seu poder papal em Itália. Após catorze anos no cargo, foi afastado, conhecendo mais tarde a prisão e o exílio. Foi já retirado da política ativa que escreveu A Arte da Guerra, o único dos seus trabalhos políticos publicado em vida, e O Príncipe, que procurava incentivar a unidade italiana, ameaçada por invasões e intrigas diplomáticas. É hoje considerado o principal pensador do Renascimento italiano, pois marcou a passagem do pensamento político medieval para o moderno. Faleceu em Florença em 1527.