TRADUÇÃO (DO ALEMÃO) DE ANTÓNIO SOUSA RIBEIRO
INTRODUÇÃO DE ROBERT ZIMMER
“A experiência do mundo de Schopenhauer, impregnada de pessimismo, subjaz à sua reflexão filosófica, que culminou num golpe de génio: O Mundo como Vontade e Representação, publicado em 1819, obra de um homem de trinta anos, ampliado, mais tarde, em 1844, para dois volumes, continua fundeado no porto da filosofia ocidental como um navio-tanque exótico. Deus, o velho capitão do idealismo e do racionalismo, não se encontra aqui em lado nenhum, e a razão, até esse momento incontestado timoneiro dos mares filosóficos, foi aqui degradada a grumete encarregado de esfregar o convés. Na ponte de comando, está um indivíduo desbragado de má reputação, um flibusteiro incansável e apostado, ao mesmo tempo, numa destruição implacável, chamado ‘vontade’. As suas acções não obedecem a nenhum plano e as suas rotas não estão desenhadas em nenhuma carta náutica.” [Da Introdução de Robert Zimmer]
SOBRE O AUTOR:
Arthur Schopenhauer nasceu a 22 de Fevereiro de 1788 em Danzig, no seio de uma abastada família de comerciantes, sobre a qual pairavam as sombras da tragédia (a sua avó paterna enlouquecera e o seu pai suicidou-se).
A mãe, Johanna Schopenhauer, dividia a sua vida entre a leitura, a escrita e as recepções mundanas, e Arthur nunca lhe perdoou várias aventuras amorosas que teve depois da morte do marido. O seu salão era um dos mais frequentados da Alemanha, e, entre os convidados habituais, encontravam-se Goethe e o orientalista Friedrich Maier, que iniciou Schopenhauer nas doutrinas budistas.
A vocação filosófica de Arthur Schopenhauer foi precoce. Aos dezassete anos, anotou no seu diário de viagem: “A vida é um problema duro e decidi dedicar a minha a reflectir sobre isso.”
Depois de viajar com os pais através dos Países Baixos e da Inglaterra, Arthur Schopenhauer viveu em Paris, frequentando a vida cultural da cidade.
De regresso à Alemanha, iniciou estudos de Medicina e frequentou aulas de Física, Astronomia, Química e História. Na Primavera de 1810, inscreveu-se na Faculdade de Filosofia, descobrindo Aristóteles, Platão e Kant. Aos vinte e seis anos, Schopenhauer terminou a sua obra O Mundo como Vontade e Representação e procurou tornar-se professor na Universidade de Berlim. É aceite no cargo depois de um vivo debate com Hegel, que fazia parte do júri de admissão.
Ao contrário do que sucedia com as aulas de Hegel, as suas estavam quase sempre vazias, o que o levou a desistir. O Mundo como Vontade e Representação fora um fracasso em termos editoriais, o mesmo sucedendo com Da Vontade na Natureza.
A sua popularidade virá apenas com Parerga e Paralipomena, em 1851.
Nos últimos anos da sua vida, a sua preocupação maior era o que iriam fazer os professores de Filosofia com a sua obra.
Morreu a 21 de Setembro de 1860, aos setenta e dois anos.