«Muita biografia se tem escrito sobre Emily, com grande monta de invenções, porque Emily não tem biografia. Atribui-se-lhe tudo o que pareça sustentável em passos do romance. Arranjam-se-lhe amores. Em vão. Nunca veremos a morada interior de Emily Jane. Sabemos só que alguma coisa dentro dela segregava alimento bastante para que o mundo lhe não fizesse falta. Chamou a essa coisa a “Imaginação” e celebrou o seu “poder benigno”.
Não nos é dado olhar muito de perto, mas ainda assim podemos contrariar a tese da musa repentina. Poucas obras tiveram tempo de concepção tão prolongado como Wuthering Heights que, na verdade, deve ter nascido no dia em que nasceu Emily Brontë. Nunca entre um livro e o seu autor aconteceu maior intimidade, no sentido de um crescimento em pura simbiose.»
Do Prefácio