“Eu sou guionista”, disse ele.
Havia dois dias que não encontrava vivalma, somente tabuletas com setas e nomes que não entendia, umas na direcção do Norte, outras do Sul. Ficou sem saber para que lado era o mar e para que lado eram as montanhas. E também sem perceber se naquele lugar existiam lagos, cascatas, moinhos, pastagens, tudo aquilo de que necessitava para o seu filme. E também sem saber quando chovia, se costumava haver tornados, granizo.
“Preciso de escolher as paisagens.”
A mulher torceu os lençóis, bateu com eles na barrela uma vez mais e dirigiu‑se ao estendal. Ainda não olhara para o estrangeiro, ainda não fixara o seu único olho, um olho bem azul que se destacava no rosto dele porque a sua boca e o seu nariz eram pequenos como os de uma criança e os dentes eram escuros, de alguém que fuma em excesso, que masca tabaco.
O estrangeiro seguiu‑a, deixando um mínimo de distância entre os dois. Olhava para o chão enquanto caminhava. Tinha medo dos insectos.