Este é o emocionante discurso proferido por Peter Sloterdijk em Lucerna em outubro de 2022.
Desde tempos imemoriais, a humanidade teve de organizar o seu «metabolismo com a natureza». Para Marx, o fator mais importante nesse processo foi o trabalho. Quando Prometeu, segundo o mito, trouxe o fogo à terra, outro dado crucial foi acrescentado. O fogo tem sido usado para cozinhar alimentos e endurecer ferramentas há centenas de milhares de anos. Nesse sentido, pode dizer-se que toda a história implica a história das aplicações do fogo.
Enquanto as árvores só podiam ser queimadas uma vez, o trabalho e o fogo mudaram com a descoberta de depósitos subterrâneos de carvão e petróleo. A humanidade moderna, segundo Peter Sloterdijk, pode ser considerada um coletivo de incendiários que atearam fogo às florestas e pântanos subterrâneos. Se Prometeu voltasse à terra hoje, poderia arrepender-se do seu presente. Afinal, o que se aproxima é precisamente a ekpyrosis — o fim do mundo em chamas — e só um novo e enérgico pacifismo pode evitar esta catástrofe.
SOBRE O AUTOR:
Peter Sloterdijk nasceu em Karlsruhe, em 1947. É catedrático de Filosofia e Estética na Hochschule für Gestaltung, de Karslruhe.
Formado na escola da fenomenologia, do existencialismo e da teoria crítica, é atualmente o mais inovador e expressivo pensador alemão.
Da sua vasta obra, a Relógio D’Água publicou A Mobilização Infinita, O Sol e a Morte — Diálogos com Hans-Jürgen Heinrichs, O Estranhamento do Mundo, Palácio de Cristal — Para Uma Teoria Filosófica da Globalização, Se a Europa Acordar, A Loucura de Deus, Cólera e Tempo, Crítica da Razão Cínica, Morte Aparente no Pensamento, Tens de Mudar de Vida, Depois de Deus e Reflexos Primitivos.