O Anjo Camponês

“O anjo é sem enquanto, não o teve, não o tem, nem o terá. Sabe desde sempre o que chamavam ao filho de Hilde, chamavam-lhe tortulho, chamavam-lhe maricas, não tinha nome, e continua sem ele, m…
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Categoria: Ficção Portuguesa
EAN: 9789896419912
Data de publicação: 20200122
Nº de páginas: 96
Formato: 15,3 x 23,3 x 0,9 cms
Acabamento: Capa Mole
Peso: 183 gramas
Descrição completa:

“O anjo é sem enquanto, não o teve, não o tem, nem o terá. Sabe desde sempre o que chamavam ao filho de Hilde, chamavam-lhe tortulho, chamavam-lhe maricas, não tinha nome, e continua sem ele, morto, restituir-lhe-ão aquele que o baptismo lhe deu: na cripta de Rosenheim, a omissão ficará reduzida a um traço entre duas datas. Envelheceu, o anjo.Taxidermizado. Ou: envelheceram-no os meus olhos?Irrompe a chiadeira dos pardais. Uma, duas, três, quatro, cinco badaladas. E o corpo desenha-se, de imperceptível em imperceptível, até à revelação: este é o meu corpo: uma merda de corpo, a água entornada no tampo de mármore da mesa-de-cabeceira, o vidro sujo que apaga o fulgor da anunciação:”

 

SOBRE O AUTOR:
Rui Nunes nasceu em Lisboa. Licenciou-se em Filosofia na Universidade de Lisboa e é autor de uma obra em ruptura com as tradições narrativas da sua geração.De Rui Nunes a Relógio D’Água publicou Quem da Pátria Sai a Si Mesmo Escapa? (1983), Sauromaquia (1986), Osculatriz (1992), Álbum de Retratos (1993), Que Sinos Dobram por Aqueles Que Morrem como Gado (1995), Grito (1997) — Grande Prémio de Romance e Novela APE, Cães (1999), Rostos (2001) — Prémio da Crítica atribuído pelo Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários, A Boca na Cinza (2003), O Mensageiro Diferido (2004), O Choro É Um Lugar Incerto (2005), Ouve-Se sempre a Distância numa Voz (2006), Ofício de Vésperas (2007), Os Olhos de Himmler (2009), A Mão do Oleiro (2011), Barro (2012), Armadilha (2013), Uma Viagem no Outono (2013) — Prémio Nacional de Poesia Diógenes 2013 , Enredos (2014), Nocturno Europeu (2014) — Prémio Melhor Livro de Ficção Narrativa SPA/RTP 2015, A Crisálida (2016), Baixo Contínuo (2017) e Suíte e Fúria (2018).

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