Notre-Dame de Paris

«Lá estava ele, sério, imóvel, absorto, num olhar e num pensamento. Paris inteira jazia aos seus pés, com as mil flechas dos seus edifícios e o seu horizonte circular de suaves colinas, com o ri…
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Categoria: Clássicos
Tradução: José Cláudio, Júlia Ferreira
EAN: 9789897830655
Data de publicação: 20200922
Nº de páginas: 560
Formato: 15,3 x 23,3 x2,3 cms
Acabamento: Capa Mole
Peso: 710 gramas
Descrição completa:

«Lá estava ele, sério, imóvel, absorto, num olhar e num pensamento. Paris inteira jazia aos seus pés, com as mil flechas dos seus edifícios e o seu horizonte circular de suaves colinas, com o rio a serpentear sob as pontes e o povo a ondular nas ruas, com a nuvem dos seus fumos e a montuosa cadeia dos telhados a comprimirem Notre-Dame nas suas malhas cerradas. Mas de toda esta cidade, o arcediago apenas fixava um ponto concreto do pavimento: a Place du Parvis; e de toda aquela multidão, apenas uma figura: a cigana.
Seria difícil definir de que natureza era aquele olhar e de onde provinha a chama que dele brotava. Era um olhar fixo, mas repleto de perturbação e de tumulto. E, pela imobilidade profunda de todo o seu corpo, apenas agitado de onde em onde por um tremor automático como uma árvore sacudida pelo vento, pela tensão dos cotovelos, mais marmóreos do que a balaustrada em que se apoiavam, ao ver-se o sorriso petrificado que lhe contraía o rosto, parecia que em Claude Frollo só estavam vivos os olhos.»

SOBRE O AUTOR:
Victor Hugo nasceu a 26 de fevereiro de 1802 em Besançon, tendo sido um dos principais poetas, dramaturgos e romancistas do século XIX francês. A sua desenraizada infância passou-se entre Paris, Elba, Nápoles e Madrid, pois o pai era general do exército imperial. Regressou finalmente à capital francesa com a mãe, passando a viver no convento abandonado das Feuillantines, que surge em Os Miseráveis. Estudou na Faculdade de Direito de Paris, embora os seus interesses depressa se tenham orientado para a literatura sob a influência de Chateaubriand. A mãe faleceu quando Victor Hugo tinha dezanove anos. Casou depois com uma amiga de infância, Adèle Foucher. Em 1821, publicou Odes et poésies diverses, onde eram evidentes os seus sentimentos monárquicos e religiosos e um certo culto napoleónico. A atividade revolucionária, a queda do Império, a Restauração e o lugar incerto que ocupou na sociedade que desta saiu haveriam de influenciar a sua criação literária.
As suas primeiras ficções narrativas têm como protagonistas personagens vítimas de uma exclusão inelutável. Bug-Jargal tem como herói um negro, escravo em Saint-Domingue. A sua obra prosseguiu entre novelas românticas como Han d’Islande, poesia como Nouvelles Odes e Les Orientales, influenciada pelo exotismo. Em 1825, Hugo recebeu o título de Cavaleiro da Legião de Honra. Experimentou também precocemente o teatro com o drama Cromwell, de 1827, com um prefácio que é considerado o manifesto romântico da literatura francesa. Em 1830, a sua relação matrimonial entrou em crise com a ligação amorosa de Adèle a Sainte-Beuve.Em 1831, publicou Notre-Dame de Paris, onde a cidade é já uma personagem. A sua poesia vai-se tornando mais nostálgica com Les Feuilles d’Automne (1831), Les Chants du Crépuscule (1835) e Les Voix Intérieures (1837). Entre 1832 e 1843, escreveu várias peças dramáticas. Em 1832, Hugo passou a viver num apartamento na Place des Vosges, sendo visitado por Musset, Alexandre Dumas, Franz Liszt e Balzac, que lhes dedicaria o seu principal romance, Ilusões Perdidas. Inicia uma relação amorosa com atriz Juliette Droucet.Ingressou na Academia em 1841, e em 1845 entrou para a Câmara dos Pares. O seu humanitarismo afastou-o progressivamente de Napoleão III, tendo aderido ao anticlericalismo e à República. O advento do Segundo Império forçou-o ao exílio, primeiro em Bruxelas e finalmente em Guernsey. Só regressará a Paris em 1870, em vésperas da Comuna, sendo eleito deputado da Assembleia Nacional em 1871. Defendeu os Communards e a desilusão política leva-o a abandonar a vida pública. Os Miseráveis foi publicado quando Victor Hugo tinha sessenta anos. E, embora tenha considerado que o seu principal dever estava cumprido com a publicação desta obra, viveria até maio de 1885, pintando e escrevendo.

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