Ilustrações a cores do pintor Anselm Kiefer.
«Passam sete minutos das nove horas, e olho rigorosamente para a mesma paisagem de ontem à tarde. A cor do céu, azul-pálido, quase branco, azul-acinzentado mais acima, é a mesma, as cores das árvores, dos arbustos e da erva são as mesmas, do verde-escuro das árvores do cemitério até ao verde-claro e mate do salgueiro, e a luz do Sol declinante, acinzentada perto do solo, dourada na copa das árvores, é a mesma. A única diferença é que o vento de leste é mais fraco e os movimentos nas árvores são menores. Adoro repetições.»
Este é um fragmento do quarto volume escrito por Karl Ove Knausgård sobre as estações do ano, uma série de ensaios breves, destinados a uma filha recém-nascida.
O autor fala de modo intenso e pessoal de aspersores, castanhas, calções, gatos, caracóis, bétulas, groselhas, e tudo aquilo que faz do verão a melhor das estações, as suas tardes, noites, e até as chuvas.
Knausgård oferece assim à filha e aos leitores um mundo muito diferente daquele que ele próprio teve na infância, marcado pela relação difícil com o pai. Oferece-nos a paisagem de uma vida familiar numa Suécia rural com as suas alegrias e tristezas, onde nada é indiferente e os objetos e os seres estão repletos de significado.