Mas o grande gosto de António era cantar. Cantarolava o tempo inteiro. Não sabia nada de música. Em casa escrevia canções que acompanhava com percussões ritmadas com as mãos. Queria muito gravar, ter uma vida artística e não sabia como. Um dia apareceu na Valentim de Carvalho, apresentou-se com as suas músicas toscas e lançou a célebre frase: «quero um som entre Braga e Nova Iorque». Na editora fizeram-lhe o contrato. Apesar de não saberem qual o destino que dariam àquele material, sentiam que havia ali qualquer coisa. Qualquer coisa difícil de definir: algures entre o folclore tradicional português e a música moderna que se começava a produzir, precisamente, entre Amesterdão e Nova Iorque.
Da Introdução