Louise Glück morreu a 13 de Outubro de 2023, três anos depois de receber o Prémio Nobel da Literatura.
Marigold e Rose, de 2022, é o seu último livro e o único de ficção em prosa que escreveu.
“Marigold estava absorta no seu livro; já chegara ao V.” Começa assim Marigold e Rose, a surpreendente crónica que Louise Glück faz do primeiro ano de vida de duas gémeas. Imagine-se um conto de fadas que é também uma saga multigeracional; uma peça para duas mãos que é também uma sinfonia; um poema que é também, à semelhança de A Metamorfose, de Kafka, um incandescente gesto autobiográfico.
Estão presentes os elementos que se esperaria encontrar numa história de bebés gémeas: o Pai e a Mãe, a Avó e a Outra Avó, a hora do banho e a hora da sesta… Mas, acima de tudo, Marigold e Rose é uma investigação do grande mistério da linguagem e do próprio tempo, do que existe e já existiu e existirá ainda. “Fora do parque para bebés havia dia e noite. O que formavam eles? Tempo, era isso que formavam. Vinha a chuva, depois a neve.” As gémeas aprendem a subir as escadas, espreitam-se uma à outra como criminosas através das grades dos respectivos berços, começam a falar. “Tinha anoitecido. Rose sorria placidamente na banheira, enquanto brincava com o elefante de esguichar, que, segundo a Mãe, simbolizava paciência, força, lealdade e sabedoria. Como é que ela é capaz, pensou Marigold, sabendo o que sabemos?”
Simultaneamente triste e engraçado, e imbuído de uma sensação estóica de assombro, este pequeno livro miraculoso, que se segue a treze livros de poesia e duas reuniões de ensaios, é diferente de tudo o que Glück já escreveu, ao mesmo tempo que é inevitável, transcendente.
SOBRE A AUTORA:
Louise Glück recebeu o Prémio Nobel da Literatura de 2020 “pela sua inconfundível voz poética, que, com uma beleza austera, tornou universal a existência individual”.
Nasceu a 22 de Abril de 1943 em Nova Iorque, filha de emigrantes húngaros.
Estudou na Sarah Lawrence College e na Universidade de Columbia.
Teve uma infância e adolescência difíceis, mas um contacto precoce com autores gregos e latinos permitiu-lhe acolher a herança clássica e escrever uma poesia que, através de imagens universais, aborda a fragilidade essencial dos seres humanos.
É autora de mais de uma dezena de livros de poesia e de dois ensaios, Proofs and Theories (Prémio PEN/Martha Albrand) e American Originality.
Recebeu o National Book Critics Circle Award por The Triumph of Achilles e o Pulitzer por A Íris Selvagem. Recebeu também o Bobbitt Prize, concedido pela Biblioteca do Congresso.
Louise Glück foi poeta laureada em 2003 e 2004, membro da Academia Americana de Artes e Letras e escritora residente da Rosenkranz na Universidade de Yale.
Morreu a 13 de Outubro de 2023 na sua residência em Cambridge, Massachusetts, nos EUA.
Marigold e Rose, de 2022, é o seu último livro e o único de ficção em prosa que escreveu.