«No seu ensaio The Art of Fiction, Henry James fala do que é mais importante numa novela: as imagens, a vida. (The Other House, um dos seus livros menos conhecidos, é quase um policial.)
Não é fácil compreender porque é que algumas imagens vivem connosco para sempre. Podem ser imagens muito simples: Mandy, com as suas velhas calças azuis e blusa aos quadrados, deitada na relva, contando a Terry como a sua doce madrasta tinha tentado envenená-lo com um copo de chocolate; Krassy sentada na muralha, com as pernas dobradas, o queixo apoiado nos joelhos, a olhar fixamente para a água; Edward Stevens sentado numa carruagem de comboio, a folhear o manuscrito de Gaudan Cross e a encontrar a fotografia da sua mulher, presa a uma página: Marie d’Aubray, guilhotinada por assassínio em 1861; Patrícia a olhar o mundo da janela do seu quarto, ao começo do dia, com um sentimento de paz e segurança, sem saber que tudo está prestes a terminar. Alberta a despedir-se mentalmente de um homem que não tinha uma razão para viver e a quem ela dera uma razão para morrer.»
Da Introdução