«Simmel está claramente à frente do seu tempo quando defende a emancipação feminina como factor civilizacional; a participação das mulheres na vida pública e social poderia equilibrar uma cultura masculina excessivamente racional, objectiva e restrita pela inclusão de dimensões fundamentais para a vida e do domínio do afectivo. Considera que a vida colectiva beneficiaria grandemente com transformações na maneira de pensar e de agir ditadas por uma intervenção feminina criativa. Preconiza, assim, um modo de convivência entre os sexos definido pela complementaridade e a cooperação de duas culturas de género, por oposição à supremacia ou à substituição de uma pela outra.
Mas a influência de Simmel nas suas concepções sobre a especificidade do feminino não se limitaram à sociologia. Karen Horney, médica, psiquiatra e psicanalista alemã que estudou em Berlim no início do século XX, menciona-o como um autor de referência cujo pensamento abre o caminho para uma nova abordagem psicanalítica do problema do desenvolvimento sexual da mulher.»
Do Prefácio