«Ora aqui está. Uma rapariga de dezassete anos.
Com o aspecto de uma Vénus de Milo com braços — talvez não gostem da ideia, mas então é porque também não gostam de certeza de uma bela égua bem lançada —, uma rapariga com umas coxas, uns seios e um corpo como não há por aí às dúzias, e uma bela cabeça de eslava, um pouco achatada, com olhos oblíquos e cabelo loiro todo ondulado. E uma rapariga que, além disso, tem de seu. Tem dezassete anos; é assim e deixa-se injectar com morfina por um tipo que parece um chulo de baixa categoria…, e que, ainda por cima, tem maquilhagem. Juro-lhes que elas não percebem nada. Agarro nela e ponho-a de pé.
— Vamos lá, minha lorpa — digo-lhe eu.
Estou-me nas tintas para a hipótese de alguém entrar. Não se esqueçam de que estou vestido de mulher… e nada tem de chocante ver uma velha amiga meter na cama outra velha amiga que se meteu um pouco nos copos.»
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