Introdução: António Araújo e Miguel Nogueira de Brito
No dia 11 de Maio de 1960, agentes da Mossad capturaram Adolf Eichmann nos arredores de Buenos Aires, quando, no final de um dia de trabalho, regressava a casa.
Quem era este homem que levava então uma vida vulgar, mas que se podia vangloriar da morte de milhões de seres humanos?
É o que podemos ver em Eichmann em Jerusalém através do olhar de Hannah Arendt, que assistiu ao julgamento iniciado a 11 de Abril de 1961 em Israel.
O processo durou cerca de quatro meses. Hannah Arendt tinha oferecido os seus serviços à The New Yorker, e, para ela, como judia que tivera de fugir da Alemanha com a ascensão de Hitler ao poder, foi um meio de ajustar contas com o passado. Presenciar o julgamento de Eichmann não foi tanto uma oportunidade de compreender os meandros da alma humana e de indagar a psicologia de um dirigente nazi, mas de lançar um olhar crítico à natureza do regime nacional-socialista.
Arendt assistiu apenas a uma parte do julgamento. Mas os cinco artigos que escreveu para a The New Yorker e seriam publicados em livro suscitaram uma enorme polémica sobre o seu conceito de “banalidade do mal”.
SOBRE A AUTORA:
Hannah Arendt nasceu em Hanôver, na Alemanha, em 1906. Estudou nas universidades de Marburg e Freiburg e doutorou-se em Filosofia na Universidade de Heidelberg, onde foi aluna de Karl Jaspers. Mudou-se para França em 1933. Em 1941, deslocou-se para os Estados Unidos, tornando-se cidadã norte-americana dez anos mais tarde.
Foi professora convidada de várias universidades, incluindo Califórnia, Princeton, Columbia e Chicago, e professora catedrática na Graduate Faculty of Political and Social Science (The New School for Social Research). Recebeu a Guggenheim Fellowship, em 1952, e a Arts and Letters Grant do National Institute of Arts and Letters, em 1954.
Hannah Arendt morreu em Dezembro de 1975.