Esta é a história de duas mulheres de diferentes gerações que fizeram parte da vida da autora. A primeira, a sua avó, foi adolescente nos «loucos anos 20»; a segunda, a sua mãe, viveu sob o salazarismo. Maria Filomena Mónica, que atravessou as mudanças de Abril de 1974, avalia essas duas mulheres através de recordações, cartas, diários, fotografias e outros documentos.
«Sabia que na minha família não havia nem sábios nem políticos célebres, mas de certo modo isso tornava o meu espólio mais valioso: aquelas cartas e aqueles diários haviam sido escritos por gente que não se tinha ilustrado, mas que, fosse por que fosse, decidira escrever. Sobre heróis, as biografias existem em catadupa; sobre os indivíduos com uma vida “normal”, poucas. Ora, estas são frequentemente mais capazes de nos revelar uma época do que aquelas. O facto de, há alguns meses, ter sido obrigada a abandonar o andar que alugara a fim de pôr os meus livros após a reforma da Universidade em 2002 obrigou-me a juntar documentos que andavam por esconsos.»
SOBRE A AUTORA:
Maria Filomena Mónica nasceu em Lisboa em 1943. Licenciou-se em Filosofia pela Universidade de Lisboa em 1969. Doutorou-se em Sociologia pela Universidade de Oxford em 1978. A par da carreira e das actividades académicas, colaborou regularmente nos meios de comunicação social. Escreveu mais de duas dezenas de livros. Os mais recentes são Eça de Queirós (2001) (traduzido na Grã-Bretanha e nos EUA em 2006), D. Pedro V (2005), Bilhete de Identidade (2005), Cesário Verde (2007), Fontes Pereira de Melo (2009), Os Cantos (2010), A Morte (2011), A Minha Europa (2015), Os Pobres (2016), Os Ricos (2018), Nunca Dancei num Coreto (2018), O Olhar do Outro (2020), O Meu País (2020) e Uma Estranha Amizade: Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão (2021). Actualmente, é investigadora emérita do ICS da Universidade de Lisboa.