Rituais são ações simbólicas que permitem criar uma comunidade e que, no limite, podem dispensar a comunicação verbal, como é o caso da cerimónia do chá japonesa. Sem pretensões a transmitir conteúdos significativos, permitem que uma coletividade os reconheça como sinais da sua própria identidade.
No entanto, nas atuais sociedades caracterizadas pelo individualismo narcísico e o culto da autenticidade, afirma-se uma comunicação sem comunidade, com o abandono desses rituais sociais que pautavam a vida, do nascimento à morte, através de cerimónias iniciáticas de celebração e passagem. Nos nossos dias de informação instantânea através das redes sociais, a fluidez da comunicação é um imperativo e os rituais são percebidos como algo de antiquado, de prescindível, e até como um obstáculo à produção em série.
SOBRE O AUTOR:
Byung-Chul Han nasceu em Seul, em 1959, onde estudou Metalurgia. No final dos anos 80, deslocou-se para a Alemanha, apesar de desconhecer a língua do país. Estudou Filosofia na Universidade de Friburgo e Literatura Alemã e Teologia na Universidade de Munique. Em 1994, doutorou-se naquela universidade com uma tese sobre Martin Heidegger. Atualmente ensina Filosofia na Universidade das Artes de Berlim, depois de ter ensinado Filosofia e Teoria dos Meios de Comunicação na Escola Superior de Desenho de Karlsruhe, onde teve como colega Peter Sloterdijk, com quem manteve algumas polémicas.