«No capítulo sobre “a imagem do pensamento” de Diferença e Repetição, Deleuze anuncia claramente os seus objectivos: “destruição da imagem de um pensamento que se pressupõe a si próprio, génese do acto de pensar no próprio pensamento”.
Eis alguém que retoma a pretensão clássica da filosofia de descartar a doxa, recomeçando tudo do zero. Todavia, o projecto crítico de Deleuze pretende ser mais radical do que todos os que o precederam, pretende subtrair todos os pressupostos, explícitos ou objectivos e implícitos ou subjectivos, no intuito de alcançar um “verdadeiro começo”. Mas como “começar a pensar”, se primeiro é preciso isolar as condições desse começo e fazê-lo precisamente por meio do pensamento? Não estaremos nós condenados a um círculo e, portanto, ao implícito jamais apreendido pela crítica?»
Do Prefácio de José Gil