«Cidade grega de Corinto.
Uma cozinha. Melana, uma mulher que ainda não fez quarenta anos, morena, olha para a porta, como quem espera. Ouve-se um trovão. Percebe-se que o tempo está escuro no exterior. O lume aceso na chaminé é um pequeno foco de claridade.
Entra uma jovem de cabelo ruivo, Éritra, com um alguidar cheio de farinha. Ao longo da cena, vão preparando a massa para o pão. Há interrupções várias neste trabalho, o que faz com que leve muito mais tempo do que o habitual.
Éritra vem sacudindo-se da chuva e despeja a farinha sobre a mesa.
MELANA — A chover, outra vez? (Vai confirmar, abrindo a porta) A chover, sempre.
ÉRITRA — Não digas nada.
MELANA — Eu digo alguma coisa?
ÉRITRA — Pensaste.
MELANA — Ninguém manda no que pensa.
ÉRITRA (segredando) — Ela consegue ouvir-nos a pensar…»