«Tomando a forma de médico, de estudante, de mestre-escola e de gente de muitos outros ofícios, é este o ser humano que atravessa todos os contos de Tchékhov.
O que mais irritava os seus críticos politizados era o facto de este tipo não pertencer a um qualquer partido político determinado e de o autor não o ter dotado de um programa político bem definido. Aqui é que bate o ponto. Os ineficazes intelectuais de Tchékhov não eram terroristas nem social-democratas, nem futuros bolcheviques, nem nenhum dos inúmeros membros dos inúmeros partidos revolucionários da Rússia. O importante é que o herói típico tchekhoviano é um azarento defensor da verdade humana universal, indefinida mas bela, um fardo que é incapaz de suportar e que também não pode alijar. O que vemos em todos os contos de Tchékhov é um contínuo tropeçar, mas quem tropeça é sempre alguém que se distrai a olhar para as estrelas.»
Vladimir Nabokov
10%