Bem-Vindo ao Deserto do Real… É assim que, no filme Matrix, Morpheus introduz um Neo siderado à «verdadeira realidade» de um mundo devastado.
Slavoj Zizek propõe analisar os investimentos pulsionais e ideológicos que moldaram a nossa nova ordem mundial depois do colapso das torres do World Trade Center, a 11 de Setembro de 2001. Hoje, a tarefa crítica consistiria em recolocar o «evento» no contexto dos antagonismos do capitalismo global. Nessa perspectiva, o verdadeiro choque das civilizações pode revelar-se como sendo afinal um choque no interior de cada civilização. A alternativa ideológica que opõe o universo liberal, democrático e digitalizado a uma «radicalidade islamista» não passaria afinal de uma falsa oposição, mascarando a nossa incapacidade de apreender o que está verdadeiramente em jogo nas políticas contemporâneas.
O único meio de nos extrairmos do impasse niilista a que nos reduz essa falsa alternativa é uma saída da democracia liberal, da sua ideologia multiculturalista, tolerante e pós-política.
Nascido em 1949, Slavoj Zizek é psicanalista, filósofo, cinéfilo, investigador do Instituto de Sociologia na Universidade de Liubliana, na Eslovénia, e professor visitante na New School for Social Research, em Nova Iorque.
Entre as suas obras incluem-se Bem-Vindo ao Deserto do Real, Elogio da Intolerância, As Metástases do Gozo e A Subjectividade Vindoura, que serão proximamente publicadas na Relógio D’Água.
O seu último e mais sistemático livro é The Parallax View.