Alice Munro possui um inigualável talento — o de nos transmitir de modo conciso a essência da vida. E é sob a forma de contos que o faz, de novo, em Amada Vida.
História a história, Munro destaca os momentos em que a vida é profundamente transformada por um encontro casual, uma acção não realizada, ou mesmo por um desvio no destino que faz alguém alterar o seu trajecto quotidiano ou modo de pensar.
Uma poeta, na sua primeira festa literária em território inóspito, é salva por um colunista de jornal, acabando por partir numa viagem através do continente que a leva a um inesperado encontro.
Um jovem soldado, ao regressar da Segunda Guerra Mundial para os braços da sua noiva, sai do comboio antes da sua estação, encon- trando numa quinta uma mulher com quem inicia nova vida.
Uma jovem mantém um caso com um advogado casado, contrata- do pelo pai para gerir os seus bens. Quando a relação é descoberta, ela encontra uma forma surpreendente de lidar com a chantagista.
Uma rapariga que sofre de insónias imagina, noite após noite, que assassina a irmã mais nova.
Uma mãe resgata a filha no exacto momento em que uma mulher tresloucada invade o seu quintal.
A maioria destas histórias ocorrem no território natal de Alice Munro — as pequenas vilas em redor do Lago Huron, no Canadá — embora, por vezes, os personagens se aventurem na cidade.
Estes contos mostram-nos — nas partidas, nos novos começos, nos acidentes, nos perigos e nos regressos, tanto imaginários como reais — que o quotidiano da nossa vida pode ser tão estranho e arriscado como belo.