PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA
PREFÁCIO DE ANA TERESA PEREIRA
«A Sinfonia Pastoral é, entre outras coisas, a história de um homem que levou para casa um pequeno ser que vivia no escuro e que o amou de tal forma que o fez descobrir os objectos, as cores, os livros, a música. O pequeno ser transformou-se numa bela mulher e durante algum tempo foram felizes. Mas, no dia em que ela finalmente viu a neve, viu os rostos dos que estavam à sua volta, a escuridão voltou.» [Do Prefácio de Ana Teresa Pereira]
SOBRE O AUTOR:
André Gide nasceu a 22 de Novembro de 1869 em Paris, no seio de uma família burguesa protestante. Ainda em criança, inicia-se na aprendizagem de piano. A morte do pai, quando tinha apenas onze anos, e uma saúde frágil tornaram os seus estudos irregulares. Entre 1885 e 1888, atravessa um período de exaltação mística que o leva a estudar a Bíblia, os autores gregos antigos e a praticar o ascetismo. Desse período ficou testemunho na correspondência com a sua prima Madeleine. A partir da adolescência, Gide interessou-se por literatura e poesia, encontrando companheiros entusiasmados em Pierre Louÿs e Valéry. Escreveu obras como Le Traité du Narcisse (1891), Les Poésies d’André Walter (1892) e La Tentative amoureuse (1893). Na Primavera de 1892, viajou com a mãe para a Alemanha, onde aprofundou o seu conhecimento de Goethe. A amizade com o jovem pintor Paul Laurens vai permitir-lhe libertar-se do ponto de vista moral e assumir a sua homossexualidade. Em Outubro de 1893, inicia uma viagem de nove meses pela Tunísia, a Argélia e por Itália. A mãe de Gide morre em Maio de 1895, e pouco tempo depois casa com a sua prima Madeleine Rondeaux. O seu romance Les Nourritures terrestres é publicado em 1897, tornando-se uma referência para várias gerações. No início do século XX, são editadas algumas das suas mais importantes obras, como O Imoralista (1902), Les Caves du Vatican (1914), A Sinfonia Pastoral (1919) e Os Moedeiros Falsos (1925). É um dos co-fundadores de La Nouvelle Revue Française, revista que vai mudar a cena literária francesa, com a participação de Gaston Gallimard, dando origem àquela que ainda é hoje uma das principais editoras europeias. Gide foi um autor comprometido com os principais debates do seu tempo, escrevendo sobre temas controversos como a justiça (Souvenirs de la Cour d’Assises, 1914), a homossexualidade (Corydon, 1920) e o colonialismo (Voyage au Congo, 1927). A viagem que fez à Rússia em 1936 levou-o ao afastamento do comunismo. Traduziu e divulgou em França autores como Shakespeare, Conrad, Dostoievski, Blake e Whitman. Recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1947. Faleceu em 1951.