PREFÁCIO DE GONÇALO M. TAVARES
Surgido em 1954, o romance A Sibila confirmou Agustina Bessa-Luís como uma voz inovadora, em ruptura com as correntes literárias então predominantes.
Os seus livros estavam povoados de personagens que não se resumiam a estereótipos sociais, impelidas como eram pela caótica energia dos seres humanos.
O romance venceu em 1953 um concurso organizado pela editora Guimarães, com um júri formado por Vitorino Nemésio, Branquinho da Fonseca, Álvaro Lins e Tomás de Figueiredo. No ano seguinte receberia o Prémio Eça de Queiroz.
Eduardo Lourenço foi um dos que melhor entendeu o alcance da obra, escrevendo na revista Colóquio de Dezembro de 1963: «Foi há dez anos que o milagre, já anteriormente preparado, teve lugar na praça pública. Não há assim tantos que um verdadeiro não mereça ser glorificado como convém. O que Sibila e sua descendência significam não precisa de ser sublinhado por contraste. Mas esse mundo romanesco, pelo seu simples aparecimento, deslocou o centro da atenção literária.»