Este texto faz parte dos Cadernos de Marselha, escritos por Simone Weil no inverno de 1941-42.
Simone Weil deixara Paris na companhia dos pais em junho de 1940, dirigindo-se a Marselha, etapa quase obrigatória para os que desejavam abandonar a Europa em guerra.
Relacionou-se aí com um grupo de resistentes enquanto aguardava a partida para Nova Iorque, que só iria ocorrer em maio de 1942.
Marselha transformou-se numa espécie de cidade de acolhimento e uma das etapas mais fecundas na evolução do seu pensamento.
Simone Weil foi uma helenista a quem não era indiferente o destino das heroínas de Sófocles, como era o caso de Antígona.
E, à medida que foi compreendendo o que considerava as riquezas espirituais do catolicismo, a proximidade das intuições pré-cristãs com os ensinamentos de Cristo surgiu-lhe com nitidez.
SOBRE A AUTORA:
Simone Weil (1909-1943) é uma personalidade singular na filosofia francesa, tendo-se colocado ao lado dos mais fracos e oprimidos, contra qualquer forma de violência política ou social.
Foi discípula de Alain (Émile-Auguste Chartier) e aluna na École Normale Supérieure. Formou-se em Filosofia em 1931. Em 1933 foi professora de Filosofia em Roanne. A partir de 1934 e durante dois anos, foi operária na Renault, alistando-se em 1936 nas Brigadas Internacionais, que lutavam em Espanha ao lado dos republicanos. Em 1941, trabalhou como operária agrícola. Em 1942, partiu para Nova Iorque e depois para Londres, onde trabalhou para a Resistência Francesa, que combatia sob as ordens do general De Gaulle. Demitiu-se dos seus cargos em julho de 1943.
Atacada por tuberculose, recusou alimentar-se para partilhar o sofrimento dos franceses que permaneciam sob a ocupação nazi do seu país.
Morreu a 24 de agosto de 1943 no Grosvenor Sanatorium. Deixou uma obra vasta, composta por mais de cinquenta ensaios, numerosos artigos e uma ampla correspondência.