“Com Hegel, a dialéctica atinge o seu perfil filosófico mais elevado. Schopenhauer […] replica com uma operação de força igual e contrária, e redu-la ao mínimo, considerando-a a arte de ter razão, a ‘teoria de arrogância humana natural’. Operação que, de um ponto de vista filosófico, é provavelmente menos profunda, mas que acaba por se revelar mais bem adaptada às mudanças dos tempos, porque Schopenhauer não liga a dialéctica a uma filosofia, mas à própria condição do homem enquanto animal dotado de palavra, quer dizer […], enquanto ser a quem os deuses deram a palavra para que possa ocultar o seu pensamento.” [Franco Volpi]
Redigido em Berlim em 1830–31, A Arte de Ter sempre Razão foi publicado em 1864.
SOBRE O AUTOR:
Arthur Schopenhauer nasceu a 22 de Fevereiro de 1788 em Danzig, no seio de uma abastada família de comerciantes, sobre a qual pairavam as sombras da tragédia (a sua avó paterna enlouquecera e o seu pai suicidou-se). A mãe, Johanna Schopenhauer, dividia a sua vida entre a leitura, a escrita e as recepções mundanas, e Arthur nunca lhe perdoou várias aventuras amorosas que teve depois da morte do marido. O seu salão era um dos mais frequentados da Alemanha e, entre os convidados habituais, encontravam-se Goethe e o orientalista Friedrich Maier, que iniciou Schopenhauer nas doutrinas budistas. A vocação filosófica de Arthur Schopenhauer foi precoce. Aos dezassete anos, anotou no seu diário de viagem: “A vida é um problema duro e decidi dedicar a minha a reflectir sobre isso.” Depois de viajar com os pais através dos Países Baixos e da Inglaterra, Arthur Schopenhauer viveu em Paris, frequentando a vida cultural da cidade.
De regresso à Alemanha, iniciou estudos de Medicina e frequentou aulas de Física, Astronomia, Química e História. Na Primavera de 1810, inscreveu-se na Faculdade de Filosofia, descobrindo Aristóteles, Platão e Kant. Aos vinte e seis anos, Schopenhauer terminou a sua obra O Mundo como Vontade e Representação e procurou tornar-se professor na Universidade de Berlim. É aceite no cargo depois de um vivo debate com Hegel, que fazia parte do júri de admissão. Ao contrário do que sucedia com as aulas de Hegel, as suas estavam quase sempre vazias, o que o levou a desistir. O Mundo como Vontade e Representação fora um fracasso em termos editoriais, o mesmo sucedendo com Da Vontade na Natureza. A sua popularidade virá apenas com Parerga e Paralipomena, em 1851. Nos últimos anos da sua vida, a sua preocupação maior era o que iriam fazer os professores de Filosofia com a sua obra. Morreu a 21 de Setembro de 1860, aos setenta e dois anos.