«Para os Nabasco, A Ronda da Noite acaba por funcionar como um espelho onde se refletem todas as suas aspirações, diversas consoante os que nele se vêem retratados ou simplesmente sugeridos: Maria Rosa acha que Saskia é o vestígio sensível do pecado original, comum a todas as mulheres; Judite encontra no quadro o motor que a faz pintar, Josefa projeta nele todas as suas raivas e frustrações, Martinho julga adivinhar ali um sentido para a sua vida vazia. Como os Nabasco, que não chegam a ser uma família, o quadro acabará por se dissolver na penumbra do esquecimento, como folhas amarelecidas deixadas dentro de um livro outrora muito amado, exatamente como o mundo antigo em que eles se inscreviam.»
Do Prefácio