A NEVE

«Rose entrou num café e sentou-se a uma mesa. Estava a tremer de frio. Pediu um chocolate quente e dois buns. Sentiu-se melhor quando lhe puseram à frente a bebida fumegante e o prato com os pãezinhos. Levou o copo à boca e bebeu um pouco, embora estivesse quente de mais; olhou pela janela e foi então que viu a miúda.
Estava parada do outro lado da rua, debaixo de um candeeiro, e parecia mordiscar um raminho de erva.
Rose passou a mão gelada pelos olhos para se certificar de que não a imaginara. Ela continuava ali, uma rapariguinha de uns onze ou doze anos com o cabelo escuro dividido em duas tranças, olhando absorta para o café.
As árvores do jardim estavam cobertas de neve, havia neve no passeio e na rua, mas a menina trazia um vestido de algodão, de florzinhas azuis e brancas, sem mangas, um pouco curto, e calçava sandálias. Mordiscava a planta tranquilamente.»