Composto de cinco cadernos, cinco blocos distintos em tom e imagem, mas ligados nesse tecido que texto e projetos imaginários vão formando, este livro — Museu Imaginário da Europa e Outras Ideias — atravessa as ideias de espaço, arquitetura e fragmento, e o seu núcleo nasceu de uma investigação, que envolveu Os Espacialistas, com o fundo em Aveiro Capital Portuguesa da Cultura 2024.
Este é um livro a duas mãos, com a mão coletiva do grupo de artistas-arquitetos Os Espacialistas. É um livro visual, isto é: as fotografias, os desenhos e os textos são expostos nas páginas com esse espacial cuidado d’Os Espacialistas. As páginas recebem o olho do leitor, não apenas a sua leitura. Os textos perseguem a ideia de construção, imaginação e desvio.
Todos os projetos ainda não construídos são esboços, esquiços, fragmentos — modos de os seres humanos, e os arquitetos em particular, tentarem não desesperar. Esperar, mas não sozinho e em imobilidade. Esperar ao lado de imagens, produzindo-as, se possível — eis o que muitos tentam. Não desesperar nunca foi fácil.
SOBRE OS AUTORES:
Gonçalo M. Tavares é autor de uma vasta obra que está a ser traduzida em cerca de setenta países.
Recebeu importantes prémios em Portugal e no estrangeiro.
Saramago vaticinou-lhe o Prémio Nobel. Vasco Graça Moura escreveu que Uma Viagem à India dará ainda que falar dentro de cem anos. Alberto Manguel considerou-o um dos grandes autores universais. Numa crónica recente, Vila-Matas comparou-o a Kafka. O mesmo já fizera a The New Yorker, afirmando que, tal como em Kafka e Beckett, Gonçalo M. Tavares mostrava que a «lógica pode servir eficazmente tanto a loucura como a razão».
«Gonçalo M. Tavares não tem o direito de escrever tão bem (…) dá vontade de lhe bater.» «Há um antes e um depois de Gonçalo M. Tavares. Creio que é o melhor elogio que posso fazer-lhe. Vaticinei-lhe o Prémio Nobel para daqui a trinta anos, ou mesmo antes, e penso que vou acertar.» [José Saramago]
«Gonçalo M. Tavares é um grande escritor que continua os melhores modelos da tradição literária europeia. Ele é magistral e original. Reconhece-se a sua perspetiva e estilo únicos desde a primeira página de cada romance. Um dos poucos escritores no mundo que consegue construir uma história parabólica» [Olga Tokarczuk]
«A literatura de Gonçalo Tavares fascina-me pelos seus brilhantes paradoxos: é um autor indomável e racional, irónico e profundo, muito singular e próximo, exigente consigo mesmo e ao mesmo tempo irresistivelmente engraçado. A sua escrita é um feliz gatilho para a inteligência dos leitores.» [Irene Vallejo]
“A Máquina de Joseph Walser, de Gonçalo M. Tavares, é um livro muito forte” [Don Delillo]
«Jerusalém é uma reflexão escrita múltipla, transparente, incisiva e original sobre o sofrimento humano.» [Javier Cercas]
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«[Os Espacialistas], situando-se num território híbrido entre a arte contemporânea e a arquitetura, […] centram os seus projetos na compreensão das relações espaciais, na transfiguração e na metamorfose do espaço corporalmente e simbolicamente habitado. […] A fotografia possui uma enorme importância no seu trabalho pela sua possibilidade documental, mas também pela forma como pode proporcionar a manipulação e o engodo, parte essencial da ironia dos Espacialistas […].
As situações que Os Espacialistas geram são produzidas a partir de assuntos e problemas que, eventualmente insignificantes ou laterais na sua origem, vêm a metamorfosear-se a partir da transformação da escala: objetos do quotidiano que são incorporados em pretensas maquetes de arquitetura, edifícios reais que são representados por pequenos jogos, instrumentos retirados ao seu contexto e reapropriados para o interior das paisagens que concebem. Este jogo de relações vai estabelecendo uma malha, uma trama, às vezes mesmo uma alegoria utópica acerca da cidade, da relação da escala urbana com o nosso corpo num vai-vem que compete ao espectador tentar decifrar (e jogar).» [Delfim Sardo]
«[…] Por outras palavras, neste momento, não há mais ninguém na arquitetura portuguesa que, como os Espacialistas, me convençam de ser capazes da ousadia de questionar o sistema predeterminado do pensamento correspondente, entre o abstrato e o concreto, que é o espaço arquitetónico. […]» [Andreia Garcia]
«[…] Espacialista é aquele que consegue, em simultâneo, temporalizar o espaço e espacializar o tempo; ou, em alternativa, e lembrando Helena Almeida: Espacialista é aquele a quem interessa o espaço físico e o tempo da memória, enquanto meios de “tratar de emoções” e “contar uma história”. A verdade, é que não existem Espacialistas que não sejam, de igual modo, Temporalistas.» [Nuno Grande]